O
agronegócio de Santa Catarina já sente os impactos da falta de chuva.
Os principais prejuízos são observados nas pastagens, que influenciam a
produção de leite e carne. As altas temperaturas e a falta de chuvas vêm
comprometendo a produção de leite, que vinha numa crescente no estado.
Os produtores já contabilizam prejuízos de R$ 22 milhões.
Em
2017, a produção catarinense leite vinha superando os números de 2016.
Os levantamentos do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola
(Epagri/Cepa) apontam que, no primeiro semestre deste ano, as indústrias
estaduais inspecionadas captaram cerca de 8% a mais de leite do que no
mesmo período de 2016.
Esse
crescimento está sendo prejudicado pela falta de chuvas e altas
temperaturas de junho/julho em Santa Catarina, que provocam falta de
umidade no solo e refletem na quantidade e qualidade das pastagens
disponíveis para os animais. Para alimentar os bovinos, os produtores
estão recorrendo à silagem, feno, "pré-secado" ou rações, nem sempre
disponíveis nas quantidades necessárias e com impacto direto nos custos
da produção.
Como
Santa Catarina tem uma diversidade de sistemas de produção de leite, as
estimativas de perdas com a estiagem variam entre as regiões. Mas os
relatório do Epagri/Cepa já apontam para uma queda na produção estadual
de 8%, isso significa que as indústrias inspecionadas deixaram de captar
cerca de 18 milhões de litros de leite.
As
estiagens não são raras em Santa Catarina e o agronegócio deve estar
preparado para enfrentar esses períodos de seca. A Secretaria de Estado
da Agricultura e da Pesca é uma grande apoiadora de projetos envolvendo
captação, armazenagem e uso de água da chuva. Desde 2015, os Programas
da Secretaria possibilitam investimentos que superam os R$ 27,9 milhões
para a construção de cisternas, poços artesianos e sistemas de
irrigação.
“A
água é fundamental para a agricultura e pecuária, nós temos meses com
excesso de chuvas e essa água não pode ser desperdiçada. A captação e a
armazenagem da água da chuva são indispensáveis para termos uma
agricultura familiar sustentável”, ressalta o secretário da Agricultura
Moacir Sopelsa.
São
três Programas da Agricultura voltados para esses projetos: o Programa
Irrigar, o Programa De Fomento À Produção Agropecuária e o Programa Água
para o Campo. Sem contar os investimentos feitos através do Programa
Juro Zero Agricultura/Piscicultura.
Região de Chapecó
Os
maiores impactos da estiagem são na pecuária de leite. Segundo o
técnico da Epagri da região, Gilberto Luiz Curti, a queda na produção de
leite pode chegar a 15%. O mau desenvolvimento das pastagens já causa
prejuízos também para a bovinocultura de corte, com uma estimativa de
perdas em torno de 5% na região.
Impactos
menores são observados nas lavouras de trigo e na fruticultura. Devido
ao calor fora de época, muitas cultivares de pêssego já iniciaram a
floração e as perdas na produção são estimadas em 3%.
Regiões de Rio do Sul e Ituporanga
As
plantações de cebola já estão com 65% das áreas plantadas e ainda não
houve relatos de perdas em função da estiagem. Devido, principalmente,
ao uso de irrigação. O técnico da Epagri da região de Ituporanga,
Saturnino dos Santos, explica que, para os produtores com sistema de
irrigação a campo, a situação é de estabilidade e de excelente
desenvolvimento inicial das culturas. “Esta condição favorável está
presente em mais de 95% dos produtores das regiões de Joaçaba e
Ituporanga e em aproximadamente 30% das propriedades de Alfredo Wagner,
regiões representativas da produção de cebola e alho em Santa Catarina”.
Região de Lages
Na
região de Lages a principal preocupação também é com as pastagens. A
falta de chuvas atrasou o plantio das lavouras de aveia e aquelas que
foram plantadas logo após as intensas chuvas registradas no início de
junho se encontram com crescimento prejudicado. De acordo com o técnico
da Epagri da região, João Zanatta, quando as chuvas se regularizarem, a
aveia retoma o desenvolvimento vegetativo até a floração e final de
ciclo. As perdas na produção de leite são calculadas em torno de 20%.
A produção de trigo na região também deve ser afetada, com expectativa de redução na área plantada.
Região de Canoinhas
A
região passa por período prolongado de estiagem e com ocorrências
constantes de geadas, o que pode trazer alguns prejuízos na produção de
leite e de trigo. Os técnicos da Epagri e produtores já têm observado
uma queda na quantidade produzida de leite, principalmente nas
propriedades onde as áreas de pastagens são menores e não há silagem.
Nesses casos a produção pode ser até 25% menor. Nas propriedades com
rodízio de pastoreio nas pastagens e naquelas que dispõe de silagem, a
queda na produção é menor e gira em torno de 10%.
Segundo
informações do técnico da Epagri na região, Getúlio Tonet, a perda
diária na produção de leite gira em torno de 10%. “A situação pode se
agravar com a permanência da estiagem ou voltar à produção normal com a
ocorrência de chuvas”.
Para
as áreas de trigo na região de Canoinhas a preocupação maior é com as
aplicações de fertilizantes de correção ou complementação do solo, que
necessitam de umidade para a efetivação dessa prática. “Esse período
será determinante para as áreas. O crescimento é muito rápido e com alta
demanda diária de nutrientes do solo. É um período de crescimento
crítico, pois é quando ocorre a formação de folhas, raízes profundas,
inflorescências férteis e reservas nos colmos em desenvolvimento
vegetativo”, explica Tonet.
De
todo o trigo plantado na região, 10% está em início de desenvolvimento,
20% em início de perfilhamento e 70% está em plena fase de
desenvolvimento vegetativo.
Programas contra Estiagem
O
Programa Irrigar incentiva o armazenamento de água em tanques escavados
ou ainda em pequenos barramentos com a subvenção aos juros dos
financiamentos contraídos pelos produtores rurais. Desde 2015 já foram
investidos R$ 4 milhões em projetos de irrigação para 147 famílias do
meio rural catarinense, sendo que a Secretaria da Agricultura responderá
pelo pagamento dos juros num valor de R$ 501 mil.
O
Programa de Fomento à Produção Agropecuária concede financiamentos, sem
juros, para investimentos na produção agropecuária, melhorando o
processo produtivo, agregação de valor, desenvolvimento da pesca e da
aqüicultura. Entre os itens financiáveis está a construção de cisternas,
poços artesianos e sistemas de irrigação. Nos últimos dois anos, foram
71 produtores beneficiados que investiram R$ 1,41 milhão nesses
sistemas.
O
Programa Água para o Campo, uma ação do Pacto por Santa Catarina, irá
construir 235 cisternas no estado. Os produtores já foram cadastrados e
as obras estão em andamento. Mesmo após o encerramento do Programa Juro
Zero Agricultura/Piscicultura, a Secretaria da Agricultura continua
pagando os juros dos financiamentos contratados. De 2015 a 2017, 386
produtores investiram mais de R$ 12,5 milhões em sistemas de captação,
armazenagem e uso de água da chuva, sendo que a Secretaria paga R$ 1,17
milhões em juros.
MB Comunicação
Fotos ilustrativas
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